De repente, a vida
agitada de um jornalista famoso para quase que completamente. Após sofrer um
derrame, ele fica com o corpo todo paralisado, exceto pelo seu olho esquerdo,
que passa a ser sua única forma de comunicar-se com o mundo, através do simples
gesto de piscar. Essa é a história do filme “O Escafandro e a Borboleta”,
baseado na vida de Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric), contida em seu livro
homônimo.
A partir do momento
em que se vê encarcerado em seu próprio corpo - que passou a chamar de
escafandro, o jornalista aprende, aos poucos, a fazer da única coisa que lhe
restou sua fonte de sobrevivência: a própria imaginação.
A história de Bauby
é contada de modo não-linear através de lembranças de sua vida de antes, durante
e depois do acidente. O interessante é que várias cenas do depois foram
filmadas como se estivéssemos dentro do corpo-escafandro do ex-jornalista,
enxergando como ele, ouvindo seus pensamentos e vivendo suas dificuldades. O
limite quase total de suas capacidades físicas fez a maioria de suas lembranças
serem sobre coisas simples da vida, como em uma das cenas em que ele faz a
barba do pai e os dois têm uma conversa que a distância havia tornado escassa.
Apesar de Escafandro
tratar de um tema tão próximo da morte, há muito tempo um filme não me
inspirava tanto, não me dava um banho de vida como esse o fez. Acho que foi a
fantástica maneira como o diretor Julian Schnabel ( de Antes do Anoitecer, com
Javuer Bardem) tratou o tema que me tocou. Poderia ser um filme dramático, como
tantos outros que existem sobre o mesmo assunto, mas Schnabel , o roteirista
Ronald Harwood e Mathieu Amalric conseguiram captar toda a sensibilidade,
a beleza, a inteligência , sarcasmo e bom-humor da mente de Bauby, contidas no
livro, e trazê-las para as telas.