sábado, 28 de novembro de 2009

"Recomeço é o fim do fim" *

Vem se aproximando minha formatura. Ou seja, o fim da faculdade. O salto (ou a longa espera) para entrar no tão falado ( e temido) mercado de trabalho. A hora de virar "gente grande".
Quanta coisa a gente passa em apenas quatro anos... Como a gente se transforma, quantas pessoas aparecem na nossa vida, como o nosso mundinho vira um mundão!

Nesse clima de despedida e preparação para o novo, reproduzo aqui uma carta que escrevi para minha irmã, no início deste ano, pelas suas 18 primaveras e sua passagem no vestibular:

Sábios conselhos de uma irmã que ama muito sua outra

Fazer 18 anos é como nascer de novo, só que já sabendo.
Fazer 18 é pôr em prática tudo o que já aprendeu, para aprender mais ainda.
É ter mais responsabilidades, mas também mais possibilidades...
É o momento de juntar e selecionar valores, e fortalecê-los.
É momento de descoberta interior, de somar experiências e trocar ideias, seja a dois, a três, ou mesmo sozinho.
É crescer e aparecer no mundo, é pôr a boca no trombone!
É experimentar, provar dos sabores e cheiros da beleza de tudo que estiver ao alcance nesse mundo.
É superar fraquezas, escoar angústias, derreter medos, ultrapassar limites, até encontrar o lugar, até se encontrar.
E sabe o que é mais legal?
Esse momento não acaba. Porque tudo isso é VIVER!

Agora, entrar na faculdade é...tudo isso e muito mais!
Um mundo novo se abre a nossa volta. Você descobre que tudo o que aprendeu e sabe não é nem metade do que ainda vai saber, e que algumas coisas que achava que sabia, bem...não sabia tanto.
Então se joga! Mergulhe neste mundo! Aproveite cada segundo!
Não precisa acertar tudo, ou agradar a todos. Apenas aprenda com os erros. Apenas seja você.
Também não precisa ter resposta pra tudo. Pergunte, sempre!

Faça dos professores seus amigos também. Eles são como nossos pais: quase sempre têm mesmo razão! Afinal, já viveram o que vivemos, sabem o que vem depois...

Que você faça amigos para a vida toda. Que tenha parceiros de estudo que pensem parecido com você e que sejam amigos também. Que venham amores , para adoçar a vida!

E não importa o que houver, mesmo não seguindo nem metade destes conselhos, nós vamos estar sempre aqui e sempre do seu lado, porque nós te amamos!
Abraços doces,
beijos apertados,
beliscão na bochecha,
Bárbara.

*título: trecho da música É o fim do fim, de Kadu Vianna. A música não fala exatamente de formatura ou aniversário, mas vale a pena ouvir =D

sábado, 14 de novembro de 2009

despedindo

Troco minha dor por um sorriso
troco uma mágoa por um picolé
não sei mais o que fazer com isso
que me tira o sono me enfraquece a fé

Ofereço minha angústia a quem realmente tiver motivo
Dôo minha melancolia aos poetas
ou aos que buscam coisa parecida
na virada de copos pelos bares da vida

Deixo minha tristeza nessas palavras, neste papel
e largo neste banco de praça
Que ninguém o repare e sente em cima
que caia no chão ou seja comido pelas traças

terça-feira, 6 de outubro de 2009

espera

Saí correndo de casa pra não chegar atrasada na consulta homeopática.

Quando finalmente alcancei o balcão do consultório, quase sem ar, a secretária me avisa que o médico atrasou e tinha mais duas pessoas na minha frente.

Aproveitei pra respirar (ufa) e sentei na sala de espera.

Depois de provar cada um dos sabores artificiais das balas de uma cestinha na mesa de centro (incrível, todas têm o mesmo gosto) e folhear várias páginas de revistas velhas com centenas de marcas de dedos (de pessoas que, como eu, saíram de casa correndo para não se atrasarem para a consulta e se esqueceram de pôr na bolsa aquele bom livro que estavam lendo ou aquele xerox da prova ), fui chamada.

Entrei na sala, cumprimentei o médico e tentei me concentrar no que tinha que falar para ele, nos motivos que me levaram até lá.

As duas primeiras frases saíram como o "combinado".

Mas logo em seguida veio a pergunta, em um tom calmo e tranquilo (que eu cheguei a invejar):
"-mais alguma coisa que você gostaria de falar?"

Aí as comportas se abriram e em segundos minha cara ficou molhada, o nariz entupido , os olhos vermelhos.....chorei. Muito, incontrolavelmente.
Tentei inutilmente conter meu "dilúvio lagrimal" .O médico me estendeu um lençinho. Achei aquilo tão singelo que me emocionei e chorei mais ainda.

Que coisa!Por que é tão difícil falar dos nossos problemas sem chorar tanto? Será que é auto-piedade? Que nada. Acho que é porque nós guardamos muito os nossos e acostumamos a falar dos problemas dos outros...

Enfim, descarreguei e recarreguei. Sensacional.
No final da consulta quis dar um abração no médico, mas me contive e só agradeci muito,como uma pessoa normal.
Antes de sair, respirei fundo e me preparei para enfrentar o mundo lá fora, de rosto inchado e tudo mais. E daí se as outras pessoas na sala de espera me olhassem esquisito?Quem nunca se debulhou em lágrimas na terapia ou coisa parecida que atire o primeiro lenço. Mas o que eu não esperava era que iria ter de aturar esses olhares por mais tempo do que pretendia: lá fora o céu estava desabando de chover...(parecia até que São Pedro tinha acabado de ter uma catarse também)
e eu sem sombrinha.

O que fazer?
Esperei.



domingo, 20 de setembro de 2009

...

hoje eu descobri que tudo bem eu não conseguir fazer algumas coisas como cozinhar, concentrar 100% na minha monografia, dar estrela esticando as pernas...
porque eu sei fazer outras bem legais como dar cambalhota debaixo d'água, assoviar e escrever poesias
e também, o importante não é a gente conseguir fazer, e sim se esforçar para conseguir.

abraços apertados!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Há coisas na vida...

...que são como as sopas de legumes. Não são muito saborosas, mas aquecem e fazem bem.

Se achou


Abriu mão
Abriu espaço
Abriu os braços
deixou a fantasia escorrer pelo ralo

Trocou de shampoo
Limpou os óculos

-Ah, bem melhor agora!
(Engraçado...
me sinto mais alto
do que quando usava salto...)

-Uma dose de coragem com gelo e limão, por favor!
(E seja o que Deus quiser...)

sábado, 4 de julho de 2009

Previsão do tempo para 2020



Nas janelas dos prédios cinzas
Os homens vivem suas vidas cinzas
Pelas ruas cinzas
Os homens respiram um ar cinza

O sol está cinza
O céu está cinza
Tudo virou cinza
Tudo se consumiu
no fogo da ilusão


Mas em alguns desses homens
ainda bate um coração
Que junto a outros ainda baterá
E tudo voltará a ser da cor que era antes
E o céu só será cinza quando chover

texto e foto por Bárbara Rodrigues
4/09/08

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Praça da Liberdade, 6 de setembro de 2007


A minha vida está mesmo como esta praça: muitos passam diariamente, alguns sentam nos bancos e ficam um pouco
Outros são como essas árvores , estiveram e sempre estarão aqui, dando sombra, flores e frutos.
Vim aqui hoje curar as lembranças
Que ainda pinicam meu coração


Quero andar pelos mesmos caminhos
Sentar nos mesmos bancos
Agora com um eu sozinho mas não solitário
que busca enamorar-se de si mesmo

Alguma coisa há nesta praça
que não é só o encanto e o perfume das flores
Parece que aqui estão mais lembranças do que simplesmente passeios com amores
Lembranças de passados e futuros não tão distantes
Talvez seja também o nome, que é algo que meu coração aspira
Liberdade...
das correntes internas,
dos nós da mente...
liberdade!

texto e foto por Bárbara Rodrigues
6.09.07


sexta-feira, 1 de maio de 2009

O escafandro no papel



Lembra do post sobre o filme “O Escafandro e a Borboleta” de 9 de agosto de 2008? (se não, vá ler e depois volte!). Eis que cai em minhas mãos o livro que deu origem ao filme homônimo. Na capa, uma espécie de caça-palavras. Uma homenagem às próprias palavras, que de repente se tornaram a única ponte entre a mente de Jean-Dominique Bauby (de dentro de seu “corpo-escafandro”) e o mundo. Foram elas que permitiram que seus pensamentos, a voar como borboletas, pousassem em um livro para alçar vôos mais altos...

A história de Bauby é a prova de que entre o sofrimento e a revolta há um caminho do meio, ou até mais de um. Não duvido que ele tenha sofrido. Mas soube conviver com a dor.Trancado em si mesmo, sem movimento ou expressão, ainda assim via humor nas coisas, e sua imaginação o levava para passear e saborear o mundo.

Filme e livro se completam. Se puder, assista e leia, ou leia e veja. O sarcasmo saudável de Bauby é contagiante. Suas reflexões, reveladoras. Nos levam a perceber que às vezes a gente encarna uma síndrome de lock-in e nos imobilizamos, por medo ou rancor, deixando a vida escapar.
É...Jean-Do é meu herói.


"Longe desse escarcéu, no silêncio reconquistado, posso ouvir as borboletas voando pela minha cabeça. É preciso muita atenção e até certo recolhimento, pois o seu adejar é quase imperceptível. Uma respiração mais forte basta para abafá-las. Aliás, é espantoso. Minha audição não melhora, mas eu as ouço cada vez mais. De fato, as borboletas devem dar-me ouvidos."
Jean-Dominique Bauby

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Este lado para cima

Cuidado
Frágil

Composição:
Sentimentos quase nobres
Músculos fortes
Átrios e ventrículos com espaço semelhante ao da espécie "mãe"


Modo de usar:
Embrulhe com amor e carinho todos os dias
Aqueça no frio e na solidão

Para recarregar:
Leve ao cinema de uma a duas vezes por semana
Conte histórias até adormecer e desperte com música

Precauções:
Não deixe cair
Não deixe ferir
Mantenha em lugares arejados e fora do alcance da tristeza

Lavável*
Deixe secar ao sol

*Em caso de contato com sentimentos ruins, lavar com água de chuva de verão
de mar ou de rio
suco geladinho de maracujá
e sabão
,
imediatamente


por Bárbara Rodrigues

imagem: reprodução