terça-feira, 6 de outubro de 2009

espera

Saí correndo de casa pra não chegar atrasada na consulta homeopática.

Quando finalmente alcancei o balcão do consultório, quase sem ar, a secretária me avisa que o médico atrasou e tinha mais duas pessoas na minha frente.

Aproveitei pra respirar (ufa) e sentei na sala de espera.

Depois de provar cada um dos sabores artificiais das balas de uma cestinha na mesa de centro (incrível, todas têm o mesmo gosto) e folhear várias páginas de revistas velhas com centenas de marcas de dedos (de pessoas que, como eu, saíram de casa correndo para não se atrasarem para a consulta e se esqueceram de pôr na bolsa aquele bom livro que estavam lendo ou aquele xerox da prova ), fui chamada.

Entrei na sala, cumprimentei o médico e tentei me concentrar no que tinha que falar para ele, nos motivos que me levaram até lá.

As duas primeiras frases saíram como o "combinado".

Mas logo em seguida veio a pergunta, em um tom calmo e tranquilo (que eu cheguei a invejar):
"-mais alguma coisa que você gostaria de falar?"

Aí as comportas se abriram e em segundos minha cara ficou molhada, o nariz entupido , os olhos vermelhos.....chorei. Muito, incontrolavelmente.
Tentei inutilmente conter meu "dilúvio lagrimal" .O médico me estendeu um lençinho. Achei aquilo tão singelo que me emocionei e chorei mais ainda.

Que coisa!Por que é tão difícil falar dos nossos problemas sem chorar tanto? Será que é auto-piedade? Que nada. Acho que é porque nós guardamos muito os nossos e acostumamos a falar dos problemas dos outros...

Enfim, descarreguei e recarreguei. Sensacional.
No final da consulta quis dar um abração no médico, mas me contive e só agradeci muito,como uma pessoa normal.
Antes de sair, respirei fundo e me preparei para enfrentar o mundo lá fora, de rosto inchado e tudo mais. E daí se as outras pessoas na sala de espera me olhassem esquisito?Quem nunca se debulhou em lágrimas na terapia ou coisa parecida que atire o primeiro lenço. Mas o que eu não esperava era que iria ter de aturar esses olhares por mais tempo do que pretendia: lá fora o céu estava desabando de chover...(parecia até que São Pedro tinha acabado de ter uma catarse também)
e eu sem sombrinha.

O que fazer?
Esperei.