sexta-feira, 1 de maio de 2009

O escafandro no papel



Lembra do post sobre o filme “O Escafandro e a Borboleta” de 9 de agosto de 2008? (se não, vá ler e depois volte!). Eis que cai em minhas mãos o livro que deu origem ao filme homônimo. Na capa, uma espécie de caça-palavras. Uma homenagem às próprias palavras, que de repente se tornaram a única ponte entre a mente de Jean-Dominique Bauby (de dentro de seu “corpo-escafandro”) e o mundo. Foram elas que permitiram que seus pensamentos, a voar como borboletas, pousassem em um livro para alçar vôos mais altos...

A história de Bauby é a prova de que entre o sofrimento e a revolta há um caminho do meio, ou até mais de um. Não duvido que ele tenha sofrido. Mas soube conviver com a dor.Trancado em si mesmo, sem movimento ou expressão, ainda assim via humor nas coisas, e sua imaginação o levava para passear e saborear o mundo.

Filme e livro se completam. Se puder, assista e leia, ou leia e veja. O sarcasmo saudável de Bauby é contagiante. Suas reflexões, reveladoras. Nos levam a perceber que às vezes a gente encarna uma síndrome de lock-in e nos imobilizamos, por medo ou rancor, deixando a vida escapar.
É...Jean-Do é meu herói.


"Longe desse escarcéu, no silêncio reconquistado, posso ouvir as borboletas voando pela minha cabeça. É preciso muita atenção e até certo recolhimento, pois o seu adejar é quase imperceptível. Uma respiração mais forte basta para abafá-las. Aliás, é espantoso. Minha audição não melhora, mas eu as ouço cada vez mais. De fato, as borboletas devem dar-me ouvidos."
Jean-Dominique Bauby